quarta-feira, 17 de abril de 2013

meu anjo da guarda

Quando eu era criança pequena lá em Barbacena..Ops! Quando eu era criança pequena no interior do Maranhão, aconteceu que um dia, digo, uma noite, fui à casa da minha avó, como fazia sempre, pois lhe fazia companhia, dormindo lá, desde que ela ficou sozinha.
Como era bem perto da minha casa, fui adiando a ida, e escureceu; quando lembrei, saí apressando o passo, em parte pelo adiantado da hora, em parte porque o escuro das ruas sem iluminação pública ainda me davam um certo desconforto naquele momento. (ou os postes estavam com as lâmpadas queimadas, nem sei).
O fato é que era época de chuva, o inverno estava bom, e o caminho era um trecho entre ladeiras, um baixo, onde havia bastante lama. Lá vou eu quase correndo, coração na goela, eis que minha "havaiana", uma  apenas, fica dentro do atoleiro; quando dei a passada, o pé saiu limpo, digo, sem chinelo. Parei, tateando com o pé, depois com a própria mão na lama, buscando o chinelo perdido, e nada.
De repente, me vi sozinha, no escuro, procurando algo no meio do lamaçal que parecia gigante para minhas proporções de uma menina magricela de sete anos (por aí), cada pisada afundava mais de palmo no lameiro.
E aí de mim que não sairia dali sem, pois toda vez que o chinelo quebrava, meu pai consertava com agulha e linha grossa e durava meses, imagina um ainda inteiro. Sem desculpas, teria que resgatá-lo.
Depois de alguns minutos procurando sem sucesso, um choro já se aproximando; pra minha surpresa total, pelo adiantado da hora, e a probabilidade mínima de que alguém ainda circulava acordado naquele lugar; surge um homem perguntando o que acontecia; contei e ele iluminou o local, não sei se era uma lanterna que trazia; tentei olhar seu rosto, reconhecer, mas a escuridão não deixava, só enxerguei um circulo de luz sobre o chão; encontrei meu chinelinho querido, pus no pé e disparei rumo à casa da minha avó, sã e salva e devidamente calçada.
Fiquei muito tempo, e até hoje quando lembro, tentando descobrir de quem era aquela voz, quem era aquela pessoa, já que num vilarejo em que todos se conhecem por nome, sobrenome e histórico familiar etc e tal, reconhecer alguém pela voz, é muito simples, natural. Mas não consegui.  Àquela hora também, já não era comum passar gente rumo a algum lugar, que não fosse da sala pro quarto de dormir, dentro da própria casa.
 Analisadas todas essas probabilidades; cheguei, do alto da minha inocência infantil, à conclusão de que se tratava de um anjo enviado pelo próprio Deus, para me ajudar. Inclusive era esse o relato que fazia a todos, quando contava esse episódio.
Desse dia em diante passei a acreditar e não só isso, a ter provas da existência de anjos, ou pessoas-anjo como eu gosto de dizer. E em diversas outras situações pude comprovar e identificá-las claramente. Pessoas que surgiam do nada, numa situação difícil e literalmente me "salvavam". E até hoje, embora esteja perdendo essa capacidade de percebê-los, sei que estão por aí, por aqui, muito próximo, me ajudando, protegendo e trazendo segurança e paz.
 
Hoje foi mais um dia desses, não tão simbólico, mas igualmente importante. Eu acredito!
Obrigada Senhor, por me guardar de todo o mal.
Amém!

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