quinta-feira, 25 de abril de 2013

radical livre

O mundo todo está num melindre só. Ninguém pode pensar, ninguém pode falar, principalmente sem pensar. Tudo pede réplica, tréplica, explicações, justificativas. Que chatice. É a ditatura da coerência, da razão, do politicamente correto. Não se é mais livre pra errar, pra dizer besteiras. Somos obrigados a nos alinharmos a um lado, a assumir posição, a entrar na trincheira, a revidar os ataques, que ninguém tem certeza de onde ou quem começa, nem o porquê. Ai que saudade, do que não vivi, da boêmia, da malandragem, do descompromisso, da liberdade de não dizer nada, ou de dizer apenas algo sem nexo, sem senso, bom senso, sem alvo, sem necessidade de se explicar depois, porque alguém se sentiu ofendido. Eu quero falar pro mundo, do mundo, meus pensamentos meus, errados, feios, insensatos, incoerentes, e que no fundo, no fundo, só querem ser palavras, ideias, que ecoam, ressoam sem rumo, sem prumo, incertas. Sem a menor intenção de ferir alguém, de magoar o outro, de constranger, será que eu posso dizer?
Será que eu? Será que posso? Será? Eu ser eu, posso? Posso eu pensar, dizer, voltar atrás, redizer, repensar, errar, começar de novo...
 
Protegei-me Senhor, das ignorâncias, das intolerâncias que cerceiam nossa liberdade de ter fé na humanidade, de ter fé em Deus.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

chuva e braseiro

Quero uma algazarra
sambando na brasa

Me conte
cante uma canção

Perturba-me
Armada e extremamente perigosa
não se aproxime

O perigo acena
Meu deus!

Me empreste seu guarda-chuva?
Rodolfo Brandão e Ana Aitak

quarta-feira, 17 de abril de 2013

meu anjo da guarda

Quando eu era criança pequena lá em Barbacena..Ops! Quando eu era criança pequena no interior do Maranhão, aconteceu que um dia, digo, uma noite, fui à casa da minha avó, como fazia sempre, pois lhe fazia companhia, dormindo lá, desde que ela ficou sozinha.
Como era bem perto da minha casa, fui adiando a ida, e escureceu; quando lembrei, saí apressando o passo, em parte pelo adiantado da hora, em parte porque o escuro das ruas sem iluminação pública ainda me davam um certo desconforto naquele momento. (ou os postes estavam com as lâmpadas queimadas, nem sei).
O fato é que era época de chuva, o inverno estava bom, e o caminho era um trecho entre ladeiras, um baixo, onde havia bastante lama. Lá vou eu quase correndo, coração na goela, eis que minha "havaiana", uma  apenas, fica dentro do atoleiro; quando dei a passada, o pé saiu limpo, digo, sem chinelo. Parei, tateando com o pé, depois com a própria mão na lama, buscando o chinelo perdido, e nada.
De repente, me vi sozinha, no escuro, procurando algo no meio do lamaçal que parecia gigante para minhas proporções de uma menina magricela de sete anos (por aí), cada pisada afundava mais de palmo no lameiro.
E aí de mim que não sairia dali sem, pois toda vez que o chinelo quebrava, meu pai consertava com agulha e linha grossa e durava meses, imagina um ainda inteiro. Sem desculpas, teria que resgatá-lo.
Depois de alguns minutos procurando sem sucesso, um choro já se aproximando; pra minha surpresa total, pelo adiantado da hora, e a probabilidade mínima de que alguém ainda circulava acordado naquele lugar; surge um homem perguntando o que acontecia; contei e ele iluminou o local, não sei se era uma lanterna que trazia; tentei olhar seu rosto, reconhecer, mas a escuridão não deixava, só enxerguei um circulo de luz sobre o chão; encontrei meu chinelinho querido, pus no pé e disparei rumo à casa da minha avó, sã e salva e devidamente calçada.
Fiquei muito tempo, e até hoje quando lembro, tentando descobrir de quem era aquela voz, quem era aquela pessoa, já que num vilarejo em que todos se conhecem por nome, sobrenome e histórico familiar etc e tal, reconhecer alguém pela voz, é muito simples, natural. Mas não consegui.  Àquela hora também, já não era comum passar gente rumo a algum lugar, que não fosse da sala pro quarto de dormir, dentro da própria casa.
 Analisadas todas essas probabilidades; cheguei, do alto da minha inocência infantil, à conclusão de que se tratava de um anjo enviado pelo próprio Deus, para me ajudar. Inclusive era esse o relato que fazia a todos, quando contava esse episódio.
Desse dia em diante passei a acreditar e não só isso, a ter provas da existência de anjos, ou pessoas-anjo como eu gosto de dizer. E em diversas outras situações pude comprovar e identificá-las claramente. Pessoas que surgiam do nada, numa situação difícil e literalmente me "salvavam". E até hoje, embora esteja perdendo essa capacidade de percebê-los, sei que estão por aí, por aqui, muito próximo, me ajudando, protegendo e trazendo segurança e paz.
 
Hoje foi mais um dia desses, não tão simbólico, mas igualmente importante. Eu acredito!
Obrigada Senhor, por me guardar de todo o mal.
Amém!

quinta-feira, 11 de abril de 2013

bem dizer

Olhos, alhos.
sais
coisas vãs.

Tu me livras, oh Senhor!
de tudo que se opõe ao bem

e eu só preciso
pular as sete horas das manhãs.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

é pra já

Existe luz no fim do post. Existe riso dentro da arte. Existe sonhos pra toda vida. Ah como é bom desprender o olhar, dar a volta, ver outro horizontes, ver a ponta do próprio nariz. Ah como é bom se entusiasmar de novo, com algo não tão novo assim, reconhecido de repente. Há sempre um clichê que se encaixa num dado momento, agora é hora de ver as coisas mais simples de outro modo, com outros olhos. Enxergar a beleza da candura. A sensação de que a inspiração está voltando, de que a criatividade vai se libertando, me renova as forças. Aos poucos vou trocando esse tempo, vou nascendo para um eu diferente por fora e cada vez mais vívida por dentro.

E nesse movimento de mudar e permanecer a mesma, encerro hoje um ciclo, esse espaço tão querido: Segunda Versão e (re) começo aqui , porque sinto que tem que ser agora!

quarta-feira, 3 de abril de 2013

minha janela

Para além de um quadrado no concreto, o céu invade meus olhos

Tive uma idéia

Tive uma idéia (nada original e ainda com acento no E) de postar looks de amigos/as, meus, de acessórios, que eu considerasse bonitos. Como não tenho  câmera profissional (ainda), coragem pra abordar pessoas ( talvez não venha a ter) e pedir pra fotografá-las e pensando melhor ainda em tornar isso algo mais pessoal, mostrar o meu ponto de vista, sobre o que é belo, seja na moda ou em qualquer outro contexto; por que não ampliar esse olhar tão subjetivo? Por que não mostrar por fotos ou palavras e assumir de vez que esse mal da sociedade moderna, o exibicionismo me atingiu (mesmo que não seja eu, mas que seja o meu olho que veja), a necessidade de ser vista/ouvida para se sentir viva.
Bom, tem esse lance aí que eu li em algum lugar, num livro de filosofia ou site da internet. Mas para além da sociedade do espetáculo/ do consumo (necessitamos dessa publicidade para sermos felizes?) já disse Raquel de Queiroz: Eu existi, eu sou, eu pensei, eu senti, e eu queria que você soubesse. Concordo com ela, no fundo só queremos nos reconhecer no outro, na sua aceitação, na sua identificação conosco. Não pretendo explicá-la (nem sei) mas me justificar com as palavras dessa  nordestina (assim como eu) tão talentosa e importante (quem sabe um dia eu).
Assim citando outra inspiradora mulher, Adélia Prado, fiquei "livre do escrúpulo de ter procurado alívio, fiquei mansa" e informo que tive outra ideia (sem acento agora) ; fico sem receios de tentar, mostrar, precariamente, sem recursos digitais miraculosos, sem uma realidade idílica o que eu vejo; o que eu sinto; e da forma como percebo quaisquer coisas, pessoas, ideias, idéias. Por uma foto, uma citação, um exercício minha própria escrita. Aqui quero guardar, juntar aquilo que me emociona, que me toca, que me sensibiliza; compartilhar (que palavra mais facebook, mas fica) os meus guardados, os meus recortes, suportes de criatividade, porque todos precisamos de um lugar onde nos distanciamos da realidade e ficamos só em contato com a parte bonita, sonora, delicada do mundo.
Deu pra perceber que tenho essa necessidade de me explicar, de me entender, isso me faz prolixa quando escrevo. Espero que eu descubra a partir de agora, desse canto, quais encantos eu ainda vou quebrar e jogar em alguém.
 
Me sinto bem vinda, sinta-se também, quem por aqui passar.
Ana Aitak

meu jantar

20 h: 15 m
porque os tempos, os espaços, os hábitos não precisam ser fixos
hummm!

porque não há coisa mais bonita que ter amigos