Ah, o "cerumano" ...Dizia um antigo professor de cursinho relatando causos típicos em que as ações humanas superaram todos os sensos e não apenas o bom senso.
Suspiro eu: Ah, o "cerumano". Até quando a estupidez, a malícia, a maldade, a ignorância, o egoísmo?
Até quando precisaremos nos proteger, de nossos iguais? Até quando, erguer muros intransponíveis, porque falando o mesmo idioma, não nos entendemos, ou pior, conseguimos cada vez mais nos estranhar?
Eu que tenho fé na linguagem, no poder da palavra. Para mim a palavra cura, constrói, une; transforma o banal do cotidiano em poesia, em beleza. Agora tenho que admitir que a palavra mata; a confiança, o vínculo, as possibilidades de crescimento mútuo entre aquele que diz e aquele que ouve.
A comunicação prevê um canal, eu presumo um caminho: o mesmo que Quintana cita no poema:
"Fere de leve a frase... E esquece...
Nada convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita."
Nada convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita."
Eu só acredito nessa linguagem, a amorosa, não no sentido romântico do poeta, mas no sentido mesmo do amor bíblico, que tudo suporta, tudo crê, tudo compreende. Assim acredito na palavra lançada para nos salvar e promover o conhecimento, o autoconhecimento, o lirismo, a música, o conforto, o aconchego, a amizade, a paz. O resto vem pela indiferença, pela mudez até de atitudes.
Não precisamos desaprender a falar, precisamos aprender a amar. Eis, talvez, a solução definitiva.
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