terça-feira, 27 de agosto de 2013

sobre não ver

Agradeço muito por, às vezes, como a mulher da crônica de Rubem Alves, ganhar olhos de poeta, poder enxergar as coisas pelos olhos da inspiração. Só que isso, por outro lado, também implica sentir todo o sentimento do mundo em outros momentos, até por uma banalidade; tudo assusta, tudo "espanta", tudo dói demasiadamente. E a gente que sente assim, sem poder conter, nem diminuir, só cala. E esse silêncio não alivia, pesa. O  querer esmaece. Uma lágrima de vidro se forma no canto do olho, e não cai, mas nos impede de ver a poesia ao redor. E isso é muito mais triste.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

sobre um blog

 o meio tempo após o não início propriamente dito

Bom, daí entende-se que do vazio, do silêncio, do nada; nada se cria. Então transformemos em monólogos individuais e esporádicos o que era pra ser conversa (nesse caso os motivos não importam, ou não determinam o andamento das coisas) será diverso, será unilateral, por enquanto, ou não. Uma tentativa despretensiosa de ensaiar diálogos entre os eus que abrigamos no interior da nossa mente, do nosso sentimento e entre os fatos e as consequências deles em nossa vida. Por enquanto então, monólogos, mas com características dialógicas entre todas essas partes, entre eu e você, leitor, quem sabe...
O importante é aproveitar para jogar conversa aqui dentro, ou onde caiba qualquer palavra. Como disse Manoel de Barros:

"Só as palavras não foram castigadas com a ordem natural das coisas. As palavras continuam com os seus deslimites."
e
"Eu sou meu estandarte pessoal. Preciso do desperdício das palavras para conter-me."
 
Então, bem vindo blá, blá, blá. E quem quiser silêncio e mudez e folha branca é na outra porta.
 
(em 30 de agosto de 2010)
 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

linguagem

Quando estou um tanto "sem riso", é que a vontade de escrever vem, parece que começo a reparar na poesia das coisas, das pessoas, da vida; uma compensação talvez, "melhor ser poeta que ser triste", já disse aquele genial. Agradeço essa inspiração que vêm com a melancolia.
Mas... Êta! vontade ser feliz até doer e desaprender o alfabeto!

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

correspondência

eu seria capaz de amar esse mistério essencial que não se dissipa nem quando você fala. Seria capaz de conviver com esse riso sempre meio irônico, mesmo quando não é. Seria capaz de amar, cada ruga embaixo do olho, cada fio branco no meio dos pretos, cada detalhe, uns defeitos. Eu seria capaz de ceder um espaço, de ficar em silêncio, de ouvir o monólogo e sonhar sonhos seus; se também tu fosses capaz de querer bem assim, por escolha e vontade. Porque não sou capaz de acreditar que a indiferença permita qualquer outro sentimento. Mas é possível.
 
(em 23-10-2010)